Roupa importa. Trabalhei em multinacional desde os 14 anos. Minha imagem nunca foi relevante pro meu cargo. Mas não tem um momento da minha vida onde a minha roupa não foi motivo de comentários de senhores. Nunca fui a Iris Apfel. Mesmo assim tudo o que eu usei já foi comentado. Eu tenho quase 40 agora. Ainda comentam. Amo que a Thais pontuou a cena como "você se acha melhor que isso, que você está além da roupa, mas você não está". É isso o tempo todo. Toda vez que alguem pergunta da onde é a sua roupa num tapete vermelho. Toda vez que vc entra na sala de reunião e um cara comenta o seu brinco. Um jogo secreto de dizer que roupa não importa mas nunca tirar a pauta da mesa. Te reduzir a uma imagem. Te associar a algo que não importa. Associar a mulher a objetos e não a feitos...
parei tudo o que eu estava fazendo para ler esse texto, Thais. Perfeito. Estou aqui, tentando trabalhar, me recuperando de um luto e lembrando que voltei para casa para trocar a roupa com que ia para o velório do meu pai, que me preocupei com a roupa que estava usando na emergência do hospital de madrugada. Porque, talvez infelizmente, roupa importa.
Thais, você faz falta nessa internet (comentário totalmente desprovido de qualquer pressão, que fique claro). Que análise! Aprendo muito com você. Obrigada!
Ei Thais , que delícia te ler de volta aqui ! Parar e recomeçar é difícil... mas olha, parar e recomeçar no puerpério e mandar bem assim ?? Só Thais Farage pra fazer um milagre desse. Com 2 meses de pós parto amamentando exclusivo sequer conseguia lembrar se tinha escovado o dente ou não ☺️
Minha nossa, Thaís! Valeu à pena esperar dois meses por essa news. Que textão! Ainda não vi a série, mas já está no meu radar. Até separei um trecho pra mandar pras amigas, sobre o estar sempre desconfortável enquanto aos homens basta por um terno.
Aproveitando o espaço, será que você poderia escrever sobre o vestir da lactante? Também estou nessa fase e tenho sentido muita dificuldade em me arrumar, quando o primeiro pensamento tem que ser se dá certo pra amamentar.
A série A Diplomata, da Netflix, traz uma reflexão importante sobre como o vestuário feminino é usado como um instrumento de validação em ambientes de poder. Enquanto a protagonista, Kate Wyler, é obrigada a se apresentar impecavelmente vestida em alfaiataria para ser levada a sério, seus colegas homens têm mais liberdade para expressar conforto ou até mesmo descuido sem que isso comprometa sua autoridade. Essa disparidade reflete uma crítica social mais ampla: o padrão de vestimenta imposto às mulheres em espaços profissionais reforça a ideia de que sua competência está atrelada à aparência, enquanto os homens são julgados prioritariamente por suas ações e resultados. Essa obsessão com a estética feminina não só perpetua a desigualdade como também coloca sobre as mulheres uma carga adicional de trabalho emocional e financeiro. Afinal, até que ponto roupas elegantes deveriam ser necessárias para provar relevância, e por que ainda vivemos em uma sociedade que exige isso?
Que texto incrível! Eu terminei a série e só depois li seu texto. A experiência ficou completa. Fiquei em muitos momentos pensando se aquela conversa realmente aconteceria naquele tom (alguém chama a outro de desleixada em uma situação de trabalho com assimetria de poder?). Sempre muito, muito bom ler e reler o que você escreve! Obrigada, Thaís 🤍
Eu acho que de certa forma quando alguém nos olha e nos entende como "mal arrumada", "desleixada", é como se pensasse imediatamente que se a gente não dá conta de cuidar da própria imagem, como vai dar conta de fazer o trabalho bem feito ou assumir um cargo maior? É como olhar para a mesa bagunçada de um colega de trabalho e imediatamente intuir que a casa dele é uma bagunça.
“aos homens é dado o poder sexual, são super sedutores, transam com todas as personagens e são criados para garantir suspiros na audiência, enquanto as mulheres ficam sempre no limite da loucura.” Simmmmm… tive vários momentos onde me sentia agoniada com a “bagunça” e angústia dela enquanto o marido e os outros caras pareciam tudo de boa, na maior parte do tempo. Foda…
Roupa importa. Trabalhei em multinacional desde os 14 anos. Minha imagem nunca foi relevante pro meu cargo. Mas não tem um momento da minha vida onde a minha roupa não foi motivo de comentários de senhores. Nunca fui a Iris Apfel. Mesmo assim tudo o que eu usei já foi comentado. Eu tenho quase 40 agora. Ainda comentam. Amo que a Thais pontuou a cena como "você se acha melhor que isso, que você está além da roupa, mas você não está". É isso o tempo todo. Toda vez que alguem pergunta da onde é a sua roupa num tapete vermelho. Toda vez que vc entra na sala de reunião e um cara comenta o seu brinco. Um jogo secreto de dizer que roupa não importa mas nunca tirar a pauta da mesa. Te reduzir a uma imagem. Te associar a algo que não importa. Associar a mulher a objetos e não a feitos...
parei tudo o que eu estava fazendo para ler esse texto, Thais. Perfeito. Estou aqui, tentando trabalhar, me recuperando de um luto e lembrando que voltei para casa para trocar a roupa com que ia para o velório do meu pai, que me preocupei com a roupa que estava usando na emergência do hospital de madrugada. Porque, talvez infelizmente, roupa importa.
Thais, você faz falta nessa internet (comentário totalmente desprovido de qualquer pressão, que fique claro). Que análise! Aprendo muito com você. Obrigada!
Ei Thais , que delícia te ler de volta aqui ! Parar e recomeçar é difícil... mas olha, parar e recomeçar no puerpério e mandar bem assim ?? Só Thais Farage pra fazer um milagre desse. Com 2 meses de pós parto amamentando exclusivo sequer conseguia lembrar se tinha escovado o dente ou não ☺️
Thais, adoro te ler! Vida longa e próspera à sua escrita!
Obs.: demorei 30 minutos pra concluir a leitura, porque a todo momento eu PRECISAVA parar e mandar algum trecho pra algum amigo.
Muito obrigada pela coluna! Com uma bebezuca mamona de 2 meses conseguir nos presentear com esse texto é uma dádiva.
Como você consegue ser tão assertiva nas palavras? Ahahahaha sei como, pq vc estuda a vida inteira pra isso, mas é impressonante!
Minha nossa, Thaís! Valeu à pena esperar dois meses por essa news. Que textão! Ainda não vi a série, mas já está no meu radar. Até separei um trecho pra mandar pras amigas, sobre o estar sempre desconfortável enquanto aos homens basta por um terno.
Aproveitando o espaço, será que você poderia escrever sobre o vestir da lactante? Também estou nessa fase e tenho sentido muita dificuldade em me arrumar, quando o primeiro pensamento tem que ser se dá certo pra amamentar.
Se dá certo para amamentar
Outra coisa que me incomoda na Kate é que ela passa a impressão de nunca estar limpa. Cabelo sempre sujo e ar de quem tomou banho há dias.
A série A Diplomata, da Netflix, traz uma reflexão importante sobre como o vestuário feminino é usado como um instrumento de validação em ambientes de poder. Enquanto a protagonista, Kate Wyler, é obrigada a se apresentar impecavelmente vestida em alfaiataria para ser levada a sério, seus colegas homens têm mais liberdade para expressar conforto ou até mesmo descuido sem que isso comprometa sua autoridade. Essa disparidade reflete uma crítica social mais ampla: o padrão de vestimenta imposto às mulheres em espaços profissionais reforça a ideia de que sua competência está atrelada à aparência, enquanto os homens são julgados prioritariamente por suas ações e resultados. Essa obsessão com a estética feminina não só perpetua a desigualdade como também coloca sobre as mulheres uma carga adicional de trabalho emocional e financeiro. Afinal, até que ponto roupas elegantes deveriam ser necessárias para provar relevância, e por que ainda vivemos em uma sociedade que exige isso?
Maravilhoso seu texto e sua análise! Vou ter que assistir a série agora ;)
Que texto incrível! Eu terminei a série e só depois li seu texto. A experiência ficou completa. Fiquei em muitos momentos pensando se aquela conversa realmente aconteceria naquele tom (alguém chama a outro de desleixada em uma situação de trabalho com assimetria de poder?). Sempre muito, muito bom ler e reler o que você escreve! Obrigada, Thaís 🤍
Eu acho que de certa forma quando alguém nos olha e nos entende como "mal arrumada", "desleixada", é como se pensasse imediatamente que se a gente não dá conta de cuidar da própria imagem, como vai dar conta de fazer o trabalho bem feito ou assumir um cargo maior? É como olhar para a mesa bagunçada de um colega de trabalho e imediatamente intuir que a casa dele é uma bagunça.
A Netflix me indicou essa série e eu ignorei, agora vou ter que assistir!
E muito obrigada por mencionar a diferença entre produções francesas e norte-americanas. Não tinha pensado nisso e é muito diferente mesmo.
“aos homens é dado o poder sexual, são super sedutores, transam com todas as personagens e são criados para garantir suspiros na audiência, enquanto as mulheres ficam sempre no limite da loucura.” Simmmmm… tive vários momentos onde me sentia agoniada com a “bagunça” e angústia dela enquanto o marido e os outros caras pareciam tudo de boa, na maior parte do tempo. Foda…