Comecei essa semana com mil assuntos rondando a minha cabeça pra escrever aqui, mas fui dragada pelo trabalho e também pelo estudo. Gente, como é difíiiiiicil estudar a noite, ter 2 filhos e trabalhar, mesmo com toda os privilégios, pipipipopo. Eu já fiz uma pós graduação e foi dificílimo, mas, na época eu não tinha o Tom ainda. (Na real, eu fiquei grávida na metade do curso e passei pela banca de avaliação da monografia ele tinha acabado de nascer.). Sinceramente, tinha esquecido como é treta. Memória, infelizmente, não é meu forte.
E, justamente porque eu sou realmente desmemoriada - e pós covid ficou muito pior, ando super preocupada com isso, mas puxo esse assunto outro dia - meu psicanalista recomendou que eu escrevesse um diário.
Pausa para dizer que: eu faço análise com a mesma pessoa há aaaaanos, já saí e voltei inúmeras vezes, mas foi fazendo terapia com o Luiz que eu: mudei de cinema pra moda, separei, casei de novo, tive mais um filho, fechei uma empresa, estabeleci uma relação saudável com dinheiro, passei por 2 puerpérios, pandemia, fiquei conhecida na internet, e, tudo indica, uma segunda mudança de carreira. E, ao longo desses 10 anos (fiz as contas agora e fiquei chocada haha), ele sempre me disse que eu deveria ter diário. Eu nunca fiz. Ensaiei várias vezes, mas nunca tinha feito. Ficava super constrangida, sei lá eu, mas dessa vez eu resolvi tentar e sim, bom demais.
Tudo isso pra dizer que agora, tendo diário, eu percebo e me dou conta de várias coisas que passavam despercebidas porque eu tava mais preocupada com outras coisas. Releio coisas que escrevi há 1 mês e fico chocada que já tinha esquecido como eu me senti naquele momento. E ter diário resolve muitos problemas: te faz falar menos bobagem porque vc pensa e escreve antes, te faz menos oversharing porque você já desaguou no papel. Engraçado eu ter demorado tanto a topar porque diário é um negócio que fiz durante toda a adolescência e também porque eu amo ler o diário dos outros (publicados, né? não que eu roube diários haha). Enfim, fica aí o conselho randômico: escreva pra você :)
Meu outro assunto sem pé nem cabeça é a Garance Doré. Lembram dela? Quem viveu os blogs nos inícios dos anos 2000 vai lembrar. Ela tava sumida, resolveu largar tudo há uns anos e eu desconfio que ela seja a primeira ex-influencer que se tem notícia. E, repare, ela abandonou tudo quando tava no auge, fazendo viagem de barco com a Chanel nas praias de Cannes. Np auge meeeeesmo. Bom, me "reencontrei" com ela no substack, comecei a seguir, assinei os conteúdos, entrei pra comunidade e li tudo que podia (eu sou assim, gente, eu fico obsessiva com uns assuntos completamente aleatórios) e ela abandonou tudo porque teve ansiedade e depressão severa. Palavras dela: o mundo da moda é um lugar horrível, todo mundo superficial, fingindo ser cool e a internet é muito cruel. [nada que todo mundo já não saiba, não é mesmo?]. Hoje em dia ela tem uma marca de skincare que se chama Doré e mora no interior da Inglaterra com o marido 20 anos mais velho. Ela casou esse ano e ninguém viu nenhuma foto. Enfim, ela me parece ótima.
E aí nesse vortex Garance Doré que entrei, voltei e reli o livro dela: Love X Style X Life. Não sou exatamente fã do livro, admito, acho ele meio bobinho… mas também divertido e eu gosto muito-muito-muito das fotos e das ilustrações. Porém tem um lance de moda que me pegou…
Garance é francesa e usa basicamente as mesmas roupas desde que ela é conhecida, há uns 20 anos, tranquilamente. E isso é uma coisa que sempre me fascina nas francesas (e nas inglesas também). Como pode ser tããão bem resolvida com o próprio estilo a ponto de não ceder a nenhuma tendência? Até sinto que uma coisa ou outra entra no estilo dela, mas é muito sutil, o essencial tá sempre lá, sempre igual. Outra que faz isso também há muitos anos, mesmo sendo um ícone fashion, é a Alexa Chung - já volto nela, guenta.
No livro a Garance fala quais são os 22 itens essenciais do armário dela. Vai do maiô ao salto, da bota a clutch, passando por camisa, saia lápis, casaco, chapéu, tênis, sandália… no fim das contas, essas listas de must have, são muito comuns na moda. A dela nem é isso, exatamente, são as peças que são essenciais pra ela, no armário dela. Mas o que me pegou nessa lista é que ela diz qual peça exatamente: cor, marca, tamanho, jeito de usar. Impressionante. E eu olho pra Garance hoje - quase sem imagens pois substack, mas, nas poucas que aparecem… eu diria que os essenciais mudaram quase nada. Talvez o salto tenha cedido espaço pra uma galocha pra se adaptar ao countryside, mas de resto… tudo ali. Que coerência meodeusssss! Pensei em fazer a minha lista de 22 essenciais, desse jeito: com marcas, cores e jeitos de usar. Será que consigo? Bora fazer comigo? Quando fizer, posto lá no clube de moda!
Sobre a Alexa, mesmo respiro nostálgico. Eu olho pras fotos dela há 10, 15 anos atrás e me dá arrepio na espinha porque consigo me lembrar do quanto todo mundo queria ser ela, imitar os looks dela, mas, sobretudo, O CABELO DA ALEXA CHUNG MEODEUS. Só quem viveu sabe hahaha. E, vale dizer, nunca vi ninguém conseguir imitar esse cabelo com sucesso. Milhões de tentativas por aí e sigo achando que só ela tem esse cabelo, esse corte, essa cor - e segue tendo, impressionante.
Alexa fez 40 anos agora e fez essa matéria super gostosinha com a Vogue Uk. Nela, ela lista 40 coisas que aprendeu ao longo desses anos. Caí, por acaso, nessa matéria e, adivinha? Lá fui eu stalkear Alexa: onde ela tá? O que ela tá fazendo? Cacei os looks dela do último ano no Pinterest. Impressionante! Segue muitíssimo parecido. Como pode uma pessoa tão conectada com a moda, que vive de moda, que apresenta programas de moda, ser tão atual e tão "sem novidade"? A resposta é simples (mas dificílima de colocar em prática): elas são absolutamente fiéis ao que amam e se sentem gatas usando, a modernidade fica no styling, no jeito de usar e não na tendência. Taí, quero um pouco disso. (um pouco porque, veja bem, eu sou uma pessoa novidadeira, não dá pra tirar da gente quem a gente é). Nessa matéria aqui dá pra ver que, realmente, ela usa os mesmos itens
Acho que Garance + Alexa mexeram comigo esses dias porque elas me lembram de uma fase muito específica da minha vida: eu estava começando a fazer conteúdo na internet (tanto em blog quanto no instagram) e sei o quanto eu quis esse lugar, esse espaço. Eu tenho saudade dessa época de internet mais descompromissada e também mais contracultura. Eu realmente acreditava (e vivia) em uma produção de conteúdo que se contrapunha ao status-quo, às revistas, ao que era regra, principalmente na moda. Eu tinha um canal pequeno, um espaço mais nichado… tenho saudade. E, não importa muito como eu desenrole minha relação com a internet daqui pra frente, esse frescor não existe mais, essa fase acabou. Talvez por isso eu esteja vivendo esse love affair com o substack, realmente, parece internet antiga <3.
E, pra finalizar, essa semana saiu um episódio do podcast Mamilos em que fui convidada! Falamos sobre estilo pessoal, vale ouvir, foi muito legal. Eu sou 100% apaixonada pela Cris e pela Ju, a gente se conhece da vida real (que não, pra mim a vida online não é a vida real, sou antiga, me desculpem) e Mamilos foi o primeiro podcast pelo qual eu me apaixonei há alguns anos. Ouve lá!
Nos vemos em breve <3
Beijos,
Thais
Que texto delícia, Thaís! Fiquei nostálgica em relação a um tempo que a internet era sim muito mais divertida. Eu entrava nos blogs pra me distrair do mundo e ficava feliz. Hoje entro no Instagram, fico rolando o feed, me empanturrando de conteúdo, todo tipo de conteúdo, (muitos eu nem quero consumir) e saio com uma enorme sensação de vazio. É tudo muito! Muita informação, muita superficialidade, muita velocidade, muitas fotos, e no fim muito muito vazio. É um paradoxo. Pq temos muita informação circulando em quantidade, mas pouquíssimo aprofundamento. É tudo muito líquido, como já dizia o Bauman. E nesse contexto, o mundo da moda e as tendências encaixam perfeitamente. A dinâmica do Instagram atende completamente às necessidades desse universo.
Ontem deletei o App do Instagram . Faço isso de tempos em tempos, qdo me sinto desconectada do mundo e de mim mesma. E hoje chegou seu e-mail com esse texto que tocou muito em mim. Sei lá quero de volta à vida mais slow. Um almoço slow, encontros slow, amores slow, viagens slow, moda slow... eu tenho roupas de quando eu tinha 20 anos( hoje tenho 41) e não me desapego delas. Talvez o meu estilo principal esteja lá nas roupas de 20 anos atrás. Mas enfim, seu texto me fez querer criar uma conta por aqui, pq não quero viver desconectada do mundo . Pelo contrário, eu busco verdadeiras conexões. Inclusive no mundo virtual. E lá nas redes “ rapidinhas” isso não é mais possível.
Substack tem mesmo cara de internet antiga! Tô amando ler como se fossem os blogs de outrem. E lá vou eu stalkear Garance e Alexa agora…