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NETWORKING PARA MULHERES
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NETWORKING PARA MULHERES

Não, infelizmente, eu não acho que networking para mulheres seja o mesmo que funciona para os homens.

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Thais Farage
mai 24, 2025
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Vou começar já fazendo o disclaimer, pois pesquisadora de gênero que sou, sei que o mundo não é dividido em “homens e mulheres”. Esse binarismo é cafona e antigo, mas estou escrevendo essa news para ajudar mulheres cis porque é o que eu sou, e networking não é um tema que eu estude a ponto de conseguir falar para além da minha experiência pessoal. Então, já de largada, peço desculpas!

A verdade é que as mulheres (há séculos) são socializadas para ficar em casa e isso tem tudo a ver com não se sentirem capazes de fazer contatos profissionais (que é o significado de networking). Se você amamentou por seis meses, foram 650 horas em casa, sentada, com um bebê no colo. Mas amamentar é só um pedacinho pequeno do trabalho de cuidado. Segundo o estudo perfeito das minhas amores da Think Olga, as mulheres brasileiras gastam 61 horas por semana em trabalhos não remunerados. É muita, muita, muita coisa, gente. Não é à toa que todas as mulheres à minha volta têm dificuldade com networking…

Seguindo, então, hoje eu vou contar algumas coisas sobre networking que aprendi (a duras penas) ao longo desses anos.

Para além dos problemas estruturais que fazem as mulheres ficarem mais em casa que os homens, há ainda o famigerado capital social. Capital social de uma pessoa é o conjunto de ligações sociais e redes de relacionamento a que cada um tem acesso. Se você nasce nepo baby, por exemplo, é óbvio que tem mais capital social que alguém que nasce no Capão Redondo. Capital social pode trazer acesso facilitado a recursos e oportunidades. Em outras palavras,

Capital social pessoal é a influência e o poder que uma pessoa possui por meio de suas relações pessoais e sociais.

É por isso que construir networking é importante. Quem nasceu com bons contatos sabe que ter bons contatos é um poder e, além de cultivar os que herdou, já aprende desde cedo a andar perto de quem interessa.

Eu não ganhei da minha família esse capital social. Para além de não ter ninguém na minha família que faça algo parecido com o que eu faço, minha família está em Leopoldina — uma cidade de 50 mil habitantes no interior de Minas. Não tem absolutamente ninguém que meu pai/avó/tias conheça que possa me ajudar profissionalmente. Tenho milhões de privilégios, mas esse eu não tive.

Mas eu construí outro: o Instagram.

não achei o crédito da imagem, mas peguei ela aqui

Por causa do meu Instagram, ganhei um monte de bons contatos. Ganhei porque não era nisso que eu estava focada e, numa proporção muito maior do que o offline é capaz de produzir, conheci muita gente. E isso, pro bem ou pro mal, me deixou muito mal acostumada. Quando eu decidi que queria viver uma vida mais offline, me vi lascada porque não fazia ideia de como abrir uma conversa com pessoas do mercado.

Antes disso, eu precisei entender que networking é fundamental, inegociável e, pelo menos no Brasil, a imensa maioria das empresas contrata quem está mais perto, quem é amigo do amigo, quem foi indicado. O RH vai me odiar agora, mas eu tenho taaaanta história próxima com esse modelo, que acho difícil acreditar em processo seletivo.

Até na academia, gente, tem networking. Quando você decide fazer mestrado, é bom já conhecer professores que podem te orientar, que dão match com seu projeto de pesquisa… é muito mais difícil ser aprovado em um processo seletivo se você não faz, antes da prova, uma aula como ouvinte para se apresentar para aquele grupo de pesquisa. (Eu passei sem conhecer ninguém, mas não é a estratégia mais indicada.)

compre essa imagem aqui

Vivemos em comunidade, é compreensível que seja assim (tô com preguiça hoje de discutir os privilégios e o elitismo que há nisso — mas há. Eu conheço homens MEDÍOCRES em posições de muito poder e prestígio, coisa que mulheres excepcionais no que fazem muitas vezes nunca alcançam. Dirá pessoas pretas ou com deficiência) e por aí vai.

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