Eu quero ser o Wagner Moura. Sim. Isso, mesmo. E, se você tem juízo, você quer também. Todo mundo quer. Segundo o DataFarage - meu centro de pesquisas sambarilove, o mundo se divide em 3 grupos: quem quer ser o Wagner Moura, quem quer pegar o Wagner Moura e quem ainda não conhece o Wagner Moura. E há muitas possibilidades de interseções nesses grupos! Ele, além de ser absurdamente talentoso, dessas pessoas que marcam um tempo, uma geração, um momento do mundo, ele é o ator brasileiro que mais fez e faz projetos no exterior (o sonho de muita gente, né?): ele fez Narcos, que foi um sucesso absoluto e catapultou sua carreira fora (e isso sem nem falar espanhol direito, convenhamos, um feito!), protagonizou Sérgio - que é um filmaço; estrelou a série Iluminadas, onde ele contracena com a Elizabeth Moss (!!!!!); e na longa lista ainda tem Agente Oculto, Sr. e Sra Smith e o longa Guerra Civil. É amigo pessoal do Javier Bardem e do Pedro Pascal, faz filmes do Karim Aïnouz e do Brian de Palma. E ele já cruzou a fronteira e agora é ator e diretor - já que assinou o filme Marighella. Devo ter esquecido mil outras coisas, mas já deu pra catar o meu ponto, né? O Wagner Moura é foda.
Mas, pra mim, o mais importante é: o Wagner Moura é foda em silêncio.
Porque assim: eu não queria ser homem, nem ator. Adoraria ser baiana e ter vivido a juventude com Lázaro Ramos. Mas o que eu invejo, mesmo, é essa estratégia de carreira onde ele só aparece pra falar o que importa, brilhando em paz e em silêncio, sem se desgastar nessa gritaria que virou nossa sociedade midiática.
Ele não tem instagram, twitter (vou continuar chamando assim), tiktok, nada. Não consigo pensar em nenhum outro artista relevante que não tenha nenhuma rede social. Por mais low profile que sejam, todo mundo tem um espacinho digital pra chamar de seu. Pensa comigo:
Fernanda Montenegro? A maior atriz da história do Brasil, uma atriz, sobretudo, de teatro. Uma gênia, uma lenda, uma unanimidade - tá lá divulgando a nova peça (per-fei-ta, aliás) no instagram.
Chico Buarque? Que tem o melhooooor vídeo sobre hater, (se você não viu veja), que é uma instituição nacional, que nunca expôs a vida pessoal e que aparece quase nunca, faz poucos shows, tá com todos os boletos pagos, a vida resolvida?! Tem instagram. Uma conta
com mais de 1 milhão de seguidores (que, certamente conta com um social mídia e que é atualizada raramente. Mas tem).
Políticos? Todos estão - o que, no geral, me incomoda profundamente, mas é jogo perdido. Eleições são totalmente sobre redes sociais e whatsapp; o que é uma pena, uma loucura, mas também um jeito de trazer mais gente pra conversar sobre política. Aliás, a quantidade de crise de imagem que vem de posts mal feitos, no calor do momento… deve ter gente estudando só isso nas faculdades, certeza.
Religião? Um nicho riquíssimo no instagram: Monja Coen, Padre Fábio de Melo (um fenômeno: 26 milhõeeeees de seguidores), Pastor Henrique Vieira, Rodney William… e mais várias pessoas e grupos religiosos - aqui confesso minha ignorância, não tenho religião, devem ter pessoas e espaços maiores e mais relevantes, certamente. Mas deu pra pegar meu ponto de vista, né?
Mas o Wagner Moura, não. Nada. Nenhuma rede. Ele tem uma definição que acho maravilhosa pras redes sociais que é : "uma revista Caras auto-editada". E, mesmo assim, ele segue sendo o melhor ator da sua geração, o principal ator brasileiro no mercado americano atualmente, só faz filme e série interessantes e, cada vez mais o vejo envolvido em projetos mais legais e mais desafiadores e uma carreira que só tem altos, não tem baixos. INACREDITÁVEL.
Porque assim, gente que não tá no instagram e ficou irrelevante, eu conheço aos montes. Ou mesmo quem segue relevante em um nicho, em um trabalho específico, mas não tem relevância pública. Mas o ômi Wagner, não!!!!! No dia e na hora que ele resolve que vai dar entrevista, divulgar um filme, dar uma opinião política, t-o-d-o-s os veículos querem ouvi-lo. Todos. Da Folha de São Paulo à ELLE. Do Mano a Mano ao Podepah. Todos. Coisa que a imensa maioria dos atores, que tem assessoria de imprensa, social mídia, milhões de seguidores, agentes e tudo mais que der pra ter, não conseguem.
E pra completar, ele aparece demais no instagram - mesmo não participando da conversa - porque aonde quer que ele vá, ele é muito fotografado. TODO MUNDO que sambou com ele no Rio de Janeiro nos últimos meses postou. Tem uns 50 ângulos de cada evento que ele foi.
É impressionante. Um negócio que ninguém é capaz de explicar: como pode uma pessoa que some, desaparece por meses, anos, fica lá em Los Angeles, vivendo a vida dele, sem dar uma satisfação, sem fazer uma publicidade, sem dar as caras em nenhuma novela, consegue se manter no topo da relevância? Faz hiatos enormes, não conta nada da vida pessoal - mal sabemos que ele tem 3 filhos e 1 esposa (que eu só sei quem é porque ela é do cinema e eu vejo o que ela faz como documentarista). Nunca vi os filhos dele em lugar algum - o que não quer dizer muita coisa porque eu sou bem desligada da vida dos famosos, mas pesquisei no Google e perguntei pras minhas amigas mais fofoqueiras: não tem, mesmo.
Ele é um fenômeno. E não é só talento. É claro que ele é um gênio, e carismático, e um gato - galã de nicho, é verdade, mas segue sendo. Mas não é só isso porque tem muita gente tão genial e incrível quanto ele que não consegue viver essa vida assim, tão desconectada. Aliás, eu não consigo pensar em ninguém, além dele, que consiga conciliar uma carreira tão bem sucedida, com uma exposição tão limitada e pontual. Sobretudo porque ele é um homem jovem - o Google disse 47 anos, mas vai saber… - não é como se ele fosse um famoso que foi famoso por anos e anos no offline antes da internet acontecer (tipo o Tony Ramos, que também não tem instagram). Ele vive o auge da carreira nos dias de hoje, nesse tempo midiático maluco, onde atores fazem de tudo para aparecer.
Eu não sei explicar essa estratégia de carreira e não conheço ninguém que consiga! Aposto que se a gente pudesse perguntar para ele sobre isso, ele teria uma resposta charmosa, mas jamais uma resposta pragmática, um mapa, um plano, uma tática. Sinceramente, esse é pra mim o maior milagre da contemporaneidade haha.
Dito isso, só me resta admirar e dizer: eu queria ser o Wagner Moura. Ficar anos sumida, sem instagram, aparecer só pra falar de trabalho. Infelizmente, já não fui. Mas admiro muito.
O luxo, sem dúvida, é offline.
Só Thais Farage consegue fazer uma newsletters que parece uma conversa na mesa do bar, é meio fofoca, meio questionamento existencial, e termina com aquela vontade de reassistir Narcos só pra ver de novo Wagner brilhar, rs
Mas como não gosto de ver coisa repetida, foi a deixa pra dar play em Iluminadas que já tava na minha lista por causa da Moss e eu nem sabia que tinha ele no elenco.
Como eu amoo sua newsletter. Uma das poucas coisas q assinei por adorar a proposta e que não larguei no meio do caminho. Eu queria mto assistir o Wagner Moura lendo seu texto e fazendo pequenos comentários espontâneos, imagina que interessante? ia ter risadinha, complemento, surpresa, adição de referências... Daqui do meu micro lugar de quem não trabalha com internet e que se esquivou de fazer repercussão do q tenho feito da vida, te conto q não postar nada me fez mto bem, sem feed, sem story. Mas sigo "seguidora" do q me interessa, uma coisa meio voyeur de rede social. Não sei se é bom ou ruim, mas por enquanto foi o offline q dei conta. Será que o Wagner Moura tem alguém q se atualiza dos memes pra contar pra ele? acho q ele deve rir e se articular de outras formas...