Já faz tempo que tenho dito que tô com vontade de mudar o meu jeito de trabalhar. E nesse ano, (será que tá cedo pra começar uma retrospectiva?) eu realmente mudei. O clube de moda ganhou corpo, eu passei o ano trabalhando com algumas empresas em um formato offline, pensando e não aparecendo. Reorganizei minha rotina e pqp que delícia é trabalhar com a minha equipe! Sinto que essa nova fase não tá pronta, mas já ganhou um trilho, um norte. Não preciso mais inventar, só nutrir. Comecei o ano dizendo "tô perdida, mas tô em paz". Me sinto agora encontrada.
Mas seguir em paz não é simples e senti que o que eu preciso agora é mudar o jeito que eu vivo, o restante da vida (que, na realidade, é infinitamente mais importante que o meu trabalho). E é aqui que entra a minha relação com a internet. Rapidamente, numa retrospectiva maior que 2023, eu comecei a aparecer por aqui, como eu mesma, criando conteúdo para conseguir clientes de consultoria de moda. E isso cresceu, cresceu, cresceu e talvez tenha ficado muito maior do que eu gostaria ou do que eu preciso ou ainda melhor: do que eu dou conta de nutrir, sem adoecer. Eu comecei escrevendo um blog, que virou um Instagram, que virou milhares de coisas. E hoje em dia o Instagram me toma um tempo, uma energia e um estilo de vida que não me faz mais feliz.
Pausa pra dizer que tem um livro que eu JAMAIS leria se não tivesse sido indicado pela deusa Lari Dias - e se vc não a conhece, corre conhecer! O livro se chama "O Caminho do Artista" e é um livro que eu li já faz 1 ano e ele ficou atravessado em mim. Fui lendo e concordando, mas fui lendo e não coloquei nada em prática. Não fiz os exercícios, não passei a escrever todo dia e puxa, que pena pra mim. Já faz tempo também que eu reclamo com a Quezia, que editou meu livro, que eu tenho sentido muita falta de ser mais criativa. Toda vez que a gente se fala, ela propõe que eu escreva um novo livro e eu respondo "eu quero, eu quero ficar em casa escrevendo, pensando, criando, mas não dá tempo". E, nesse um ano, eu não fiz muita coisa pra melhorar isso. É UM ABSURDO DE FÁCIL PRA MIM SER ENGOLIDA PELA PRODUTIVIDADE. Eu sou uma máquina de produção, um trator que bota um projeto de pé em 3 dias e que é viciada em produzir. Junta isso com um algoritmo que te parabeniza por ser assim, por pensar 24 horas por dia em conteúdo. Me dei conta: eu to emburrecendo. Eu penso em formatos de 30 segundos, em como falar sobre coisas importantes de um jeito muito sedutor pra competir com outras milhares de pessoas na rolagem do feed. Ou pior: parei de falar de coisas que são relevantes porque isso não dá views, likes, compartilhamentos.
Mas eu não quero mais (há tempos) e eu decidi que não vai ser mais assim. Comecei tentando mudar o jeito de estar online: quase não falava mais da minha vida pessoal, não falo mais da maternidade, não posto aos finais de semana. Comecei a fazer férias e ficar offline. Mas não foi suficiente. Eu ainda me sinto muito escrava da dinâmica de Instagram, eu ainda me sinto sem tempo pra fazer o que eu realmente quero.
E, putz!, tem muita coisa legal rolando no meu offline que eu nem sei se vocês imaginam! Desde janeiro eu tenho trabalhado bastante com marcas, ajudando a pensar sobre várias coisas: moda, comunicação, estratégia de lançamento de produto… descobri um universo inteiro onde eu posso ser relevante e eu tenho o que dizer.
Na paralela, eu passei e já comecei uma pós graduação nova (eu já fiz uma na USP de estética e gestão de moda). Agora vou estudar negócios e marketing de luxo na ESPM. Pesquisei bastante e essa formação vai ser super importante pra esse trabalho offline que eu tenho amado fazer.
Tô também tentando mestrado, assim, no gerúndio. Se eu não passar esse ano, vou seguir tentando até passar.
E, bom, tudo isso pra dizer que nesse próximo ano - já dá pra fazer promessa de réveillon? - eu vou estar mais offline. Eu vou ficar muito menos tempo no Instagram, sobretudo. Vou escrever mais, viver mais, estudar muito mais e postar menos. Muito menos. Vou cuidar dos meus filhos e da minha família. Vou ler mais, voltar pra aula de espanhol e me matricular, finalmente, numa aula de desenho.
Eu não tenho dinheiro e nem paz espiritual pra fazer um ano sabático, que, claro, era o meu desejo agora - afinal, sou millennial. Mas eu decidi usar o dinheiro guardado, o privilégio de não pagar sozinha as contas de casa, de ter construído uma carreira sólida até aqui e arriscar não estar produzindo e entregando o tempo inteiro. Vou arriscar ser irrelevante e ser esquecida. Vou mudar a minha engrenagem e parar de trabalhar pro Instagram-engajamento-algoritmo. No ritmo que eu tô, arrisco perder a conexão que eu tenho comigo mesma, e isso é o mais valioso de tudo.
Não vou sumir e nem desaparecer amanhã de manhã, deletar Instagram, essas coisas malucas (que, no fundo, é o que eu gostaria de fazer haha). Não vai acontecer nada de mágico da noite pro dia, vai ser uma mudança lenta, ainda tenho vários compromissos pra cumprir. Mas a minha mudança de vida já começou. "Básico com Borogodó" terá a última turma esse ano e depois não tem data pra acontecer de novo. O "Encontre seu Estilo" vai rolar no início do ano que vem e também não sei quando (e se) ele rola de novo. Ainda não sei dizer se eles acabam ou se eles voltam, eu tô deixando a vida acontecer antes de tomar essa decisão (quem diriaaaa haha).
Talvez dê tudo errado e, daqui uns meses, vocês me digam "ah lá, não deu conta e voltou", mas eu tô muito animada de tentar. Nessas últimas semanas eu falei sobre isso com muita gente e tomei muitos cafés e ouvi muitas opiniões. Resumindo: todo mundo entende, todo mundo sabe que o Instagram é insalubre, mas todo mundo acha que eu sou louca de dar um tempo. Mas, no fim, é isso aí, eu vou focar em outras coisas - mesmo que seja pra voltar depois.
Por aqui, nesse espaço, a ideia é aumentar a frequência - pqp! como eu gosto de escrever; trazer conteúdos de moda relevantes e bem pensados, contar do que tá rolando (cursos, clube de moda e o que mais vier); dividir um pouco dessa vida mais criativa e dessa busca por um jeito diferente (e privilegiado, convenhamos) de fazer o que eu já faço (que, no fundo, nada mais é que me comunicar, né?).
Vai ser uma delícia conversar com vocês, mas agora via cartas, com tempo.
Vem comigo? ;)
Thais
Uma das coisas que eu mais admiro em você é essa disposição de estar sempre se reinventando. Que esse ano você consiga tudo isso a que está se propondo, mesmo que seja indo contra a maré. Continuaremos aqui pra ouvir e aprender com você sempre que o aparecer online não for lhe roubar a alegria do offline.
Oi, Thaís! Finalmente consegui ler esse texto, ele não apareceu nos meus e-mails e eu não tinha visto o link do substrack. Enfim, super entendo e estou na mesma de ficar mais off de Instagram, mesmo eu não sendo nada influencer nas redes. Mas no meio das artes todo mundo fala pra vc ficar super ativa dno instagram. Ninguém merece e eu sinto que falar sobre minha pesquisa em 30s competindo com milhões de outros, como vc falou, me fazia ter uma visão muito superficial do que eu estava fazendo. Comecei uma news também, onde posso me prolongar mais, apronfudar sobre coisas que no Instagram jamais poderia.
Esse livro é ótimo mesmo, vou até dar uma relida!
Bjos!!